Cidade do Sul do Piauí está há cinco dias isolada após transbordamento de rios
Não há uma ponte que ligue o município a outras cidades, sendo existente apenas o que é conhecido popularmente como passagem molhada e que está coberta de água.
A cidade de Wall Ferraz, a 333 km ao Sul do Piauí, está isolada após o transbordamento dos dois rios que cortam o município, desde a sexta-feira (23). A rodovia estadual Jandira Gomes, que liga a cidade a Santa Cruz do Piauí, está interrompida após a cheia do rio Itaim. Já a cheia do rio Canindé impede a travessia entre Wall Ferraz e Santo Inácio do Piauí.
Segundo os moradores da região, não há uma ponte que ligue os municípios, apenas o que é conhecido popularmente como passagem molhada (bueiros/manilhas de concreto colocados embaixo da rodovia) e que, por conta das chuvas na região, não consegue dar vazão ao volume de água do rio.
“Sempre acontece isso, todo ano transborda e as pessoas chegam a sair da pista, cair da moto. É um risco e falta investimento público. Se tivesse pelo menos um corrimão para segurar, ajudaria. Aqui não é uma ponte! Acho que no projeto era uma ponte, mas é essa passagem molhada”, disse o aposentado Miguel Flor, morador de Santa Cruz do Piauí.
Atraso nas entregas
O caminhoneiro Raimundo Lima precisou mudar a rota de suas entregas ao chegar no trecho da PI que dá acesso a Wall Ferraz. Segundo ele, será preciso pegar outro caminho através da cidade de Oeiras, aumentando o trajeto em aproximadamente 110 km.
“Normalmente a gente faz esse trajeto toda semana e hoje eu estou com receio de passar porque o caminhão pode até desligar e a gente cair no rio. Mesmo o carro sendo pesado, a gente tem medo. Por questão de segurança, eu vou voltar lá por Oeiras. A entrega vai atrasar demais”, disse Raimundo.
Apesar dos transtornos causados, os pescadores da região têm aproveitado a oportunidade para faturar uma renda extra ao realizar a travessia de moradores que precisam trafegar entre os municípios.
“Estou aproveitando para faturar um extra aqui. Já deu para gente conseguir uns R$ 300 ou R$ 500 por dia, que ajuda bastante em casa. A gente atravessa as pessoas que precisam fazer as coisas aqui na região. Nós cobramos R$ 5 por pessoa. Dá pra comprar um gás, um remédio, pagar umas continhas”, contou o pescador e canoeiro Edivan Gonzaga, morador de Santa Cruz do Piauí.