‘Abin paralela’ produziu relatório com fake news
A Polícia Federal (PF) descobriu essa situação durante a análise de trocas de mensagens entre oficiais da Abin.
Durante o governo Bolsonaro, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi envolvida em uma controvérsia após a descoberta de um relatório informal contendo informações falsas sobre as urnas eletrônicas. O relatório foi elaborado a pedido do ex-chefe bolsonarista da Abin, Alexandre Ramagem, e baseado em fake news provenientes de redes sociais.
A Polícia Federal (PF) descobriu essa situação durante a análise de trocas de mensagens entre oficiais da Abin. As informações falsas abordadas no relatório datavam de 2020 e buscavam descredibilizar as urnas eletrônicas, apontando que elas teriam sido fornecidas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela empresa Positivo Tecnologia, cujo um dos fundadores é o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR).
Os boatos difundidos pelos bolsonaristas tentavam estabelecer uma narrativa falsa, sugerindo que Guimarães teria ligação com o ex-juiz Sergio Moro (então rompido com o bolsonarismo) e com uma empresa chinesa. Além disso, alegavam que a Positivo estaria associada ao PT e ao ex-presidente Lula.
Entre as mensagens analisadas pela PF, uma delas mostrava um oficial de inteligência da Abin encaminhando a um colega um post supostamente “enviado pelo DG (diretor-geral da agência Alexandre Ramagem)”, com a orientação de analisar a situação da empresa e a possibilidade de interferência.
Outro post foi encaminhado com o intuito de ser incluído no relatório, acompanhado de um comentário de um oficial da Abin que mencionava o histórico da empresa Positivo, sugerindo uma ligação política.
Apesar dos esforços dos oficiais da Abin, o relatório não apresentou elementos concretos que sustentassem a teoria conspiratória sobre o sistema eleitoral brasileiro. A PF, responsável pela investigação do caso, avaliou que “o evento relacionado aos ataques às urnas reforça a realização de ações de inteligência sem os artefatos motivadores, bem como acentuado viés político em desatenção aos fins institucionais da Abin”.