PF vai ouvir novamente Ciro Nogueira em inquérito sobre dinheiro da JBS
Ministra do STF Rosa Weber autorizou extensão de investigação por mais 30 dias, prazo em que o presidente licenciado do PP deverá prestar depoimento
O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, deverá falar à Polícia Federal na condição de investigado nos próximos 30 dias. A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber autorizou por mais um mês, a pedido da PF e da Procuradoria-Geral da República, a extensão do prazo da conclusão de um inquérito sobre Nogueira que apura a “venda” de apoio político do PP à coligação da ex-presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014, supostamente paga pela JBS.
A investigação em curso no Supremo apura o pagamento de 42 milhões de reais em repasses do frigorífico ao partido PP naquela campanha, dos quais uma parte teria sido destinada a Ciro Nogueira, presidente licenciado da sigla.
O inquérito também mira o suposto pagamento de 500.000 reais, de 8 milhões de reais que teriam sido prometidos a Nogueira pelo empresário Joesley Batista, ex-presidente da JBS, para adiar a reunião que bateria o martelo sobre a saída do PP do governo Dilma, em março de 2016. O valor teria sido pago diretamente ao ministro um ano depois, em março de 2017.
Uma nova oitiva do ministro foi apontada pela PF e a PGR como uma das diligências que restam na apuração. Ciro Nogueira já havia prestado depoimento, mas novas provas apresentadas por Joesley e Ricardo Saud, ex-diretor de relações institucionais da JBS, levaram à necessidade de ouvi-lo novamente para que ele possa se defender.
Como mostrou VEJA em maio, relatório parcial apresentado pelo delegado federal Rodrigo Borges Correia a Rosa Weber afirmou que os depoimentos de Joesley e Saud “restaram corroborados por provas autônomas”.
Entre os elementos está um procedimento administrativo fiscal da Receita Federal que apontou o recebimento de 5 milhões de reais em espécie por Ciro Nogueira, a pedido da JBS, por intermédio de um supermercado de Teresina. O dono do supermercado admitiu à PF ter feito repasses ao senador por meio do irmão dele, Gustavo Nogueira, no segundo semestre de 2014, a mando de Joesley.
Além do novo depoimento do ministro, deverá ser ouvido no inquérito dentro dos 30 dias concedidos pela ministra o ex-tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara (SP), investigado por supostamente ter atuado na “cooptação” de partidos à coligação da ex-presidente. O prazo também será usado para a conclusão da análise de materiais recolhidos em mandados de busca e apreensão autorizados no âmbito do inquérito, em fevereiro de 2019.
Para Rosa Weber, o pedido por mais prazo deve ser atendido porque as diligências, entre as quais os depoimentos de Ciro Nogueira e Edinho, “mostram-se pertinentes ao objeto da investigação, proporcionais sob o ângulo da adequação, razoáveis sob a perspectiva dos bens jurídicos envolvidos e úteis quanto à possível descoberta de novos elementos que permitam o avanço das apurações”.